O
escritor norte americano James Russel falando sobre as adversidades, diz que
elas são como as facas, que podem nos ser úteis ou ferir-nos, conforme a
seguremos pela lâmina ou pelo cabo. As nossas atitudes é que determinarão se
seremos feridos ou beneficiados.
Repentinamente
ela chega e se instala, permanecendo no nosso meio, nos fazendo reféns de
situações para as quais não estamos emocionalmente preparados.
Todos nós
estamos sujeitos a vivê-las em algum momento da vida. Contratempos e aflições,
ainda que temporariamente, cedo ou tarde surgem sem nos dar a mínima
chance de escolha.
Diante destes infortúnios que nos
ocorrem, nos pegamos questionando dos porquês e buscando as razões deles
sobrevirem.
Saímos à caça do culpado, porque
se o encontrarmos teremos argumentos para nos justificar diante dos outros e de
nós mesmos. Contudo nem sempre haverá um fundamento aparente. Achar o causador
nem sempre trará maior conforto.
Salta em
minha lembrança nesta hora a história que a bíblia nos conta sobre um profeta.
Ele foi chamado por Deus para cumprir uma tarefa e prontamente se dispôs
em executá-la.
Ele é
orientado a ir para a cidade de Nínive, mas persuadido pelos seus sentimentos e conhecimentos
históricos toma dos seus próprios conselhos e embarca em um navio que ia
em direção a Társis.
Já estava
em alto mar quando uma tempestade alcançou aquele navio trazendo um enorme
prejuízo para toda a tripulação. Para que o navio não naufragasse as pessoas
começaram a atirar ao mar todo o excesso de peso. É sabido que o temporal
permaneceu e o navio continuava a se afundar, quando encontraram o profeta
dormindo no fundo dele.
Informado
do que estava acontecendo, ele confessa ser o único culpado de tamanho
transtorno e pede para que seja lançado ao mar.
Aqui se
dá início a adversidade no nosso amigo cujo nome é Jonas. Ele
concordou com algo que na verdade não estava disposto a executar. Foi desleal à
sua palavra, movido por sentimentos incoerentes com a sua disposição.
O que teria
impulsionado Jonas a dizer “sim” quando na realidade dentro do seu coração a
resposta era “não”? Vejo com preocupação a postura dele, apesar
de saber que não é incomum nós termos também posturas parecidas.
Jonas
tentou dar uma “enroladinha” em Deus. Ninguém além de Jonas é tão criativo para
ter uma ideia tão brilhante, não é verdade!
Aceitando
a sugestão do próprio Jonas, os tripulantes do navio o lançam ao mar.
O restante da história todos sabemos. Deus envia um grande peixe para o tragar.
A testemunha
ocular do fato não teve uma ilusão de ótica, e nem uma êxtase
resultante do uso de alguma droga. Foi tudo real. Não se trata de uma
simbologia, como querem alguns que tentam desmerecer os fatos bíblicos,
fazer parecer.
Um homem
é engolido por um grande peixe e lá dentro vive talvez os piores, e os mais
longos momentos da sua vida. É como nos sentimos quando somos atingidos
inesperadamente pelas tempestades da vida. Os tempos difíceis nos sugerem uma
eternidade.
Desalentado
ficou o profeta que tentou fugir dos propósitos de Deus. Instalado
em uma suíte apertada, escura, suja, úmida e mal cheirosa. Será que ele se
imaginou num cruzeiro destes?!
Será que
existe a possibilidade de que assim como ocorreu com ele, nós também possamos
nos encontrar em circunstâncias semelhantes? Vindo as adversidades
as nossas ações se tornam limitadas. Com a visão turbada pelos conflitos não
enxergando a saída. Tudo o que sentimos é que sem cautela nos sujaremos ainda
mais. Perdemos o governo da situação e as soluções parecem escorregar das
nossas mãos. Tudo ao nosso redor parece sujo e mal cheiroso.
Somos
tomados de espanto e perdemos a chance de usá-las como degrau para o nosso
crescimento. Tudo o que vemos é a negatividade que veio em sua companhia.
É
essencial nos lembrarmos de que como disse James Russel, estes
conflitos nos serão úteis quando os tomarmos pelo cabo.
O que nunca poderemos nos
esquecer é que , os contratempos não surgem em nossas vidas pelo capricho e
vontade dos nossos inimigos. Físicos ou espirituais aqueles que nos confrontam
precisam da permissão de Deus para nos alcançar.
A Bíblia no primeiro capítulo do
livro de Jó mostra o momento em que Deus assina uma autorização, dando direito
a um ser para colocar um servo d’Ele em aflições.
Jó, segundo este texto era um
homem temente a Deus, íntegro, reto e se desviava do mal. Não havia na terra
outro semelhante a ele. Está escrito que Satanás solicitou a Deus para tocar
nele, ou seja, pediu para lhe causar o mal. A sequência narra todo o
drama que viveu este homem, a quem o próprio Deus definiu com preciosos
adjetivos.
Mas Deus não é louco e nem tem
prazer no sofrimento do seu povo. O que acontece é que Ele quer fazer de nós um
povo forte. Um povo que como os montes de Sião não se abala, mas permanece
firme para sempre.
Deus usa das adversidades para
promover maturidade em nós. Para moldar o nosso caráter, fazer com que nós nos
conheçamos e nos aproximemos mais d’Ele.
Após ter experiência
pessoal e ser marcado pelo poder, Jó assume que só conhecia a Deus de ouvir
falar. Nós precisamos viver a expectativa de reconhecê-lo não só nas alegrias,
mas também nos momentos que desconsideramos a sua manifestação gloriosa.
Quando chegamos ao padrão que
Deus estabeleceu para nós, então nos tornamos preparados para vivermos o
melhor de Deus nesta terra.
H. Mabie entendendo o efeito do
vento aparentemente contrário nos lembra de algo óbvio, mas que não percebemos
com facilidade. Ele diz que os papagaios de papel para alcançar as alturas,
chegarem aos céus, sobem contra o vento e não a favor dele. Os ventos
contrários nos fazem alcançar patamares mais altos.
Deus quer fazer o impossível nas
nossas vidas e não precisa usar destas situações para nos abençoar, mas algumas
vezes Ele fará. Ele é onisciente e sabe como trabalhar de forma a nos ensinar e
nos marcar com o seu poder.
Quanto a Jonas, lá no ventre e
sem saída ele se lembra do poder e do caráter misericordioso de Deus.
Trazendo à memória que Deus não nos trata como objetos que Ele usa conforme os
seus interesses Jonas ora.
Imediatamente a conexão entre os
dois é restabelecida e Deus ordena que o peixe o lance na praia com vida.
Se permitirmos que Deus nos leve
para um lugar secreto para sermos tratados, as adversidades não terão força
suficiente para nos destruir. O anseio de Deus é que elas produzam em nós
amadurecimento, obediência, espírito de luta e o fortalecimento da nossa fé.
Ouvi alguém dizer que quem perde
seus bens, perde muito; quem perde um amigo, perde mais; mas quem perde a
coragem, perde tudo.
Não podemos nos render diante das
tribulações, nos conformando com os lugares sujos e limitados. Se nos faltar
coragem para lutarmos então não haverá esperança para nós e estaremos prontos
para morrer.
Tiremos o foco dos contratempos,
pois é Jesus quem nos guia. Nas tempestades Ele é nosso abrigo.
Há glória de Deus se manifestando
e não estamos contemplando, por convergirmos nossos olhares para os pontos afastados
da verdade.
Anelemos com confiança para que
sobre a ordem de Deus sejamos lançados na praia com vida.
Te encorajo a enxergar as
adversidades como trampolim para o seu crescimento. Há um desafio para
que possamos vê-las como instrumentos de Deus para o atalho que nos levará à
celebração dos novos tempos de vitória.
“Quando passares pelas
águas, eu serei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando
passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o
Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador...” Isaías 43:2 e 3(b).
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