O ser humano é um ser
sociável. Deus o criou assim.
A humanidade tem a necessidade de se relacionar com outros
da sua espécie, com a natureza criada por Deus, mas principalmente com Aquele
que é responsável pela sua existência. O que nem sempre lhe é consciente.
Quando este vínculo com o Senhor não é estabelecido, cria-se
em nós um vazio. Empreendermos inutilmente esforços sobre-humanos, na tentativa
de preenchê-lo e no anseio de aquietarmos o nosso espírito, saciar a nossa
alma. Esta lacuna uma vez constituída, só poderá ser preenchida pela presença
transformadora de Deus. Somente Ele tem a forma e o volume próprio para suprir
este vazio.
A Bíblia diz que Deus vinha na virada do dia para se
relacionar com Adão. No capítulo três, versículo oito do livro de Gênesis, está
escrito que Deus veio ter com Adão mesmo após ele e sua esposa terem pecado e
desobedecido as suas instruções. Limitados que somos, conjecturamos que Deus
poderia simplesmente ter dado seu julgamento. Ele não precisaria nem mesmo
conceder-lhes chances para se explicarem. Mas sabemos que não foi o que Ele
fez. Deus primou se relacionar com a humanidade.
Extravagante e exuberante é o amor d’Ele por nós. Porque apesar do rompimento com a confiança,
e da atitude de desobediência da criatura para com o seu Criador, ainda assim o
Senhor vem ter conosco.
Compreendamos que Deus é sabedor de que a sua presença é
vital para que vivamos de forma salutar. Temos o seu DNA e nada menos do que a
comunhão com Ele nos satisfará. Por isso Ele estará sempre pronto para nos dar
uma nova oportunidade. Desprovidos dos nossos “achismos”, é mister que nos
voltemos sem repulsas e rendidos a Ele. Relacionar com Deus é mais do que ter
nossos lugares marcados nas igrejas. Vai muito além disto. É criar um vínculo
intrínseco com o Altíssimo. Intimidade que nos trará experiências sólidas e
únicas. Apesar de inúmeras, cada uma contendo em si a essência da plenitude de
Deus.
O apóstolo João narra a história de um oficial do rei cujo
filho estava doente, quase à morte. Sabendo que Jesus vinha para a Galiléia foi
se encontrar com Ele e implorou para que descesse e curasse o seu filho. Como
oficial do rei, ele era graduado e ocupante de uma posição importante diante de
toda a nação. Contudo ele desconsiderou as suas comendas. Abriu mão das
patentes que carregava em sua farda militar, e se colocou diante de Jesus como
alguém que concluía que só Cristo poderia sanar o seu sofrimento. Ficou notório
que Jesus confrontou o oficial e não seguiu com ele até o local em que o seu
filho se encontrava. Insistindo, ele recebeu de Jesus uma palavra rhema, tomou
posse dela e crendo foi-se.
Podemos absorver aqui no mínimo dois ensinos
extraordinários, para que estabeleçamos solidez nos nossos relacionamentos:
1. Relacionamentos
devem ser construídos sobre valores eternos
Jesus não muda o seu discurso para bajular ninguém. Em todos
os seus atos Ele deixou nítido que os vínculos devem ser firmados sobre bases
legítimas.
Construiremos relacionamentos sólidos, quando descermos da
confiança na influência do nosso sobrenome e dos títulos que conquistamos na
sociedade. Também se fará necessário esquecer os diplomas e certificados
exibidos nas nossas “salas do orgulho”. Relacionamentos firmados sobre as bases
ocas do orgulho próprio, das distinções e influências sociais, são frágeis e
transitórios. Mudam-se as autoridades, passa o tempo, de modo que corremos o
risco de que estas bases venham se ruir e desabarem. Verdade e humildade são
esteios do relacionamento com Deus.
2. Relacionamentos
trazem confrontos
Nós nos deliciamos com os acontecimentos extraordinários.
Grande é o nosso gozo quando vemos todos os nossos caprichos satisfeitos.
Prodígios e sinais nos dão prazer. Porém estas satisfações só alimentam as
nossas emoções, sem contudo, nos estruturar espiritualmente.
Jesus nunca buscou atrair para si os holofotes e os tapinhas
nas costas. Por ser a própria luz, não necessita de se render diante de pedidos
regados a sentimentos egoístas e transbordantes de soberba para interagir
conosco. Pensando desta forma, Ele trouxe à memória do oficial uma prática
comum do povo de Israel, que era lançar desafios para presenciarem sinais e maravilhas. Desejos efêmeros e sem conteúdo.
O que nos faz chamar a atenção e o interesse de Jesus é a
nossa fé n’Ele. O que move o seu poder é, quando nós freneticamente buscamos a
sua presença e O inserimos sem restrições em todos os nossos sonhos. Portanto
manter um discurso coerente com as nossas ações aprofundarão as raízes dos
nossos relacionamentos. Jesus não operará milagres por causa dos milagres em
si, mas para aprofundar na intimidade conosco.
Jesus é a rocha sobre a qual precisamos firmar e fazer
latejar os nossos desejos mais íntimos. Uma Convicção íntima no amor que Deus
tem por nós, e no poder que d’Ele emana nos alicerça para alcançarmos esta
intimidade que aspiramos.
No texto em questão, observamos Jesus ordenar que aquele
homem vá, pois o seu filho vive. Foi consolidado nesta convicção que o oficial
creu e retornou para a sua morada. Ele
não era amigo íntimo de Jesus, apenas tinha ouvido falar d’Ele. Não viu o
milagre acontecer diante dos seus olhos, mas tomou a decisão de crer e confiando
foi-se embora. Quando creditamos a Jesus
todos os valores que lhe são inerentes então conseguimos estabelecer laços
fortes e inquestionáveis com Ele.
Insanos, que somos, com muita frequência julgamos Jesus e o
Seu poder. Na verdade deveríamos examinar o nosso caráter, a nossa coerência e
a nossa fidelidade para com Deus que tudo nos deu. Somente despojados de prepotência,
seremos capacitados e manteremos a nossa conexão com o único Deus que se
humilha e desce até o nosso nível para nos alcançar.
O oficial do exército inconformado com as circunstâncias em
que se encontrava, e decidido a não encerrar o relacionamento com o seu filho,
deu início a outro relacionamento. Postura esta que lhe proporcionou a cura do
filho, a sua salvação e a notoriedade da sua história em quase todo o mundo.
Tudo isto graças a este novo vínculo que criou com Jesus Cristo.
Se quisermos ter relacionamento de filhos com o Senhor Deus,
será necessário termos como agentes motivadores desta intimidade a humildade e
a entrega com confiança em Jesus Cristo que tudo pode. Fé, comprometimento e
submissão são as ferramentas que nos ajudarão a implantar o reino de Deus no
meio da nossa família, entre os nossos amigos e por onde quer que passemos.
Estejamos conscientes, da responsabilidade que nos cabe nos
relacionamentos, seja com homens ou com Deus. Ela trará sanidade, prudência e
integração com quem nos unimos. Somos chamados a viver uma vida plena,
habilitados na oração e fundamentados nas palavras e promessas do Senhor para a
nossa vida.
Empenhemos-nos em viver fora dos padrões de interação do
mundo. Vivamos alicerçados sobre as verdades bíblicas que nos estruturam e nos
desafiam a uma intimidade profunda com o nosso Criador.
“Eu neles, e tu em
mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que
tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim” (João
17:23)
Deus nos abençoe!
por Alvani Miranda